quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Livro trata sentimento de crianças ao levar palmadas

Fonte: Lúcio Borges com assessoria
Ao ver uma criança chorando ou gritando em público, quem nunca ouviu um comentário como “isso é falta de umas boas palmadas”? Essa frase reflete a opinião de muitos adultos, já que a cultura brasileira ainda associa o castigo corporal como forma de educação.
 
E as crianças, como elas se sentem a respeito? O professor Cristiano da Silveira Longo, do curso de Psicologia da UFGD, escutou o ponto de vista das crianças, como parte da pesquisa para elaboração da tese de doutorado no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP).
 
Esses relatos fazem parte do livro intitulado "Bater educa? O que dizem crianças do Brasil - Testemunhos da Violência Doméstica Física contra Crianças e Adolescentes no Brasil", lançado recentemente pela editora Appris.

 
A pesquisa buscou compreender as sensações, emoções, sentimentos que as crianças geram a partir da experiência de apanhar do pai ou da mãe na infância. Segundo Cristiano, para a criança que apanha, essa é uma experiência que gera mal-estar, sofrimento, sentimentos de angústia, tristeza, humilhação.
 
Com essas sensações negativas, a criança não absorve, necessariamente, os valores e ensinamentos que os pais gostariam de passar para seus filhos. Para o psicólogo, quando os pais escolhem uma forma de educar, devem saber que também estão ensinando seus filhos a lidar com as dificuldades e os comportamentos indesejados de outras pessoas. Ou seja, quando um pai ou mãe usa a palmada para “ensinar”, está dando um exemplo de como se comportar na sociedade: usando a força contra os mais fracos, humilhando pessoas subordinadas.
 
Cristiano destaca que o processo de educar uma criança requer ensinar disciplina e respeito, mas que a palmada passa uma mensagem diferente, já que o castigo físico gera na criança a compreensão de que se fizer algo errado ela será submetida à violência. Assim, a agressão passa a ser um comportamento legítimo. “A palmada se constitui em uma violação do direito à integridade física, psíquica e moral da criança. É assim que a palmada é vivenciada pela criança”.
 
No livro, o professor não somente questiona toda forma de punição corporal de pais contra filhos, mas busca oferecer argumentos para que os leitores mudem sua mentalidade e seus costumes, de forma que a palmada deixe de ser usada, equivocadamente, como forma de educar as crianças.

Nenhum comentário:

Postar um comentário